Em 1874 e 1875, o Algarve sofreu uma seca severa que deixou a região num estado de calamidade.
Foi já no final daquele período de crise que José de Beires, então Governador Civil do Algarve, escreveu sobre o Azinhal:
“Tem pouco arvoredo, alem de um importante pomar de larangeiras, que nada tem soffrido com a estiagem. Tem também poucas vinhas, e essas estragadas. A sua principal cultura é de searas, e estas darão uma producção media de 2 sementes, que em anno regular é de 5 ou 6. Este resultado é devido principalmente a terem sido invadidas por agua salgada as principaes terras que são as várzeas da moita. Só poderiam produzir, se tivessem caído copiosas chuvas, que as adoçassem.”
A crise alimentar (então denominada crise alimentícia) foi trágica, com a produção de trigo a ser miserável, tal como as de azeitona, figo e amêndoa, que tinham grande importância económica e financiavam habitualmente o bem-estar de muitas famílias.
Bastantes poços secaram e a miséria atingiu níveis confrangedores que fizeram o Estado português apoiar e subsidiar diversas atividades regionais.
A chuva haveria de voltar já no final do outono de 1875, anunciando fortes aguaceiros em dezembro, com inundações históricas do Guadiana (nesse mês) e do Arade (em janeiro de 1876).
Será útil recordar que naquela época não existiam as barragens de Odeleite e Beliche, que atualmente regulam o fornecimento de água ao sotavento algarvio.
José de Beires, um advogado beirão nascido em Lamego em 1825 e falecido em Lisboa em 1895, foi Governador Civil de Faro de 25 de setembro de 1869 a 25 de maio de 1870 e de 10 de outubro de 1871 a 25 de abril de 1877, tendo elaborado 6 relatórios de grande qualidade sobre o Algarve, abordando diversas temáticas, como, por exemplo, a saúde, a agricultura, as obras públicas, os expostos, etc..